Você sabia que nossos comportamentos e emoções podem ser afetados
pelo intestino? Parece improvável, não? Mas a partir do momento que
sabemos que o órgão possui um sistema nervoso próprio isso fica mais fácil
de entender. Sabe a serotonina, considerada o hormônio da felicidade?
Quase a totalidade dela no nosso corpo é produzida no intestino!
O Dr. Marcos Mucenic, gastroenterologista cooperado da Unimed Porto
Alegre, explica: “O ‘eixo cérebro-intestino’ conecta o sistema nervoso
central, o sistema nervoso entérico (SNE, do intestino), o sistema digestivo e
a microbiota intestinal, permitindo uma comunicação bidirecional. Por isso,
o intestino pode ser chamado de segundo cérebro”.
Sistema nervoso entérico
O SNE regula funções intestinais, afetando tanto o intestino quanto o
cérebro. Além da serotonina, o órgão produz outros neurotransmissores,
que navegam no eixo intestino-cérebro-microbioma e influenciam nossa
reação a estresse, ansiedade e até propensão à depressão. “O eixo
cérebro-intestino já foi bastante estudado e há evidências muito robustas a
respeito desse funcionamento”, afirma a psiquiatra cooperada da Unimed
Porto Alegre Sheila Vardanega.
Microbiota
O intestino humano abriga cerca de 100 trilhões de bactérias. A
alimentação e o estilo de vida são fatores que influenciam na formação de
uma microbiota saudável. Alterações na microbiota foram encontradas em
doenças neurológicas, psiquiátricas e gastrointestinais, como Parkinson,
depressão, síndrome do intestino irritável e muitas outras. “Ainda não há
confirmação de causa e efeito, mas as pesquisas neste campo podem auxiliar
a compreender melhor estas doenças e a desenvolver tratamentos mais
específicos no futuro”, afirma Mucenic.
Cuidando da saúde do intestino
Se há algo que pode ajudar, e muito, a se alcançar uma alimentação
adequada e, assim, contribuir para a saúde intestinal e mental, é o
planejamento. Um ganho muito significativo nesse sentido, para quem não
sabe cozinhar, seria desenvolver algumas habilidades culinárias simples. De
acordo com a nutricionista Paula Correa, ter comida de verdade à disposição,
como ingredientes frescos e ricos em fibras, é outro ponto fundamental. E
para isso é preciso organizar a rotina, criar espaço no dia a dia para as
compras, por exemplo.
Para Sheila, quanto mais organizada e pré-planejada for a rotina, maiores são
as chances de se fazer boas escolhas. Ela lembra que não dá para escolher o
que se vai comer na hora da fome. “Cuidar da alimentação é autocuidado,
envolve muita consciência e atenção. Comer saudável tem tudo a ver com ter
condições emocionais para fazer boas escolhas, diz.
Dicas para o dia a dia:
● Consuma alimentos fermentados: kombuchá, kefir, iogurte, leite
fermentado.
● Consuma alimentos prebióticos: alho-poró, cebola, alho, chicória,
banana, aspargos, cereais integrais, leguminosas.
● Evite ultraprocessados, açúcares e gorduras.
*Para saber mais, acesse o Guia Alimentar para a População Brasileira, uma
publicação do Ministério da Saúde que traz as informações essenciais para
uma alimentação adequada e saudável.